Literatura de Cordel
"O milho nosso de cada dia"
"Eu plantei meu milho todo
No dia de São José
Me ajuda a providência
Vamos ter milho a grané
Vou colher pelos meus cálculos
Vinte espiga em cada um pé"
(Luiz Gonzaga)
***
A música do velho Lua
Já anuncia a plantação
Do alimento mais sagrado
Pressas bandas do sertão
O milho é o maná do céu
E é cinquenta conto a mão
***
Uma mão de milho tem
Cinquenta espigas fornidas
Quebradas no mesmo dia
Pra não ficar desenxavida
E pra saber se tão cheinha
Tem que apertar a espiga
***
Nas chuvas do mês de março
A roça vira uma festança
Três caroços na terrinha
Pra em Junho ter comilança
Na distância de um passo
Se planta cedo a esperança
***
Um esterquinho de galinha
Faz a boneca encher
E ao chegar terra no pé
Faz o milharal crescer
O milho só fica maduro
Quando o cabelo escurecer
***
E pra espantar o priquito
Se prepara um espantaio
Você põe roupa de gente
Um chapéu e uns retaio
Tem que ficar esquisito
Pra quem ver pegar ataio
***
Milho assado é muito bom
E cozinhado é excelente
Um cuscuz de mio ralado
Se não gostar, está doente
Mungunzá ao leite de coco
Só presta se tiver quente
***
Uma canjica bem curada
Dá pra raspar as panelas
O milho assado na palha
A pipoca vem nas tijelas
E no meio de tanta comida
Quem cantou foi a barriga
Pra degustar todas elas
Agnaldo Silva, o Zé
15/06/19
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