IMPRESSÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO E ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA NA EXPERÊNCIA EDUCACIONAL BRASILEIRA¹
Agnaldo dos Santos Silva² (FSLF)
Professor orientador: Fernando Aguiar
Professor orientador: Fernando Aguiar
Introdução
O professor, é antes de tudo um forte. A célebre frase do escritor Euclides da Cunha, referindo-se ao sertanejo, aplica-se com perfeição ao professor que atua nas séries iniciais. As dificuldades encontradas por estes profissionais no dia a dia, vão além dos míseros salários, da falta de estrutura nas escolas e se estendem a árdua tarefa de “recontar” a nossa História para os jovens, uma vez que esta se encontra em constante transformação e muitas vezes é registrada para atender interesses políticos, ideológicos e econômicos.
O propósito deste ensaio é compreender o processo de construção da historiografia africana, destacando os fatores político, econômico e ideológico, construídos pelo neocolonialismo exacerbado, pregado pelas potências europeias e americanas nas primeiras décadas do século XX.
Desenvolvimento
Acredito que a História da presença e influência dos negros no Brasil ainda está mal contada, e nós professores precisamos encontrar os subsídios teóricos para “conhecer”, reconhecer e recontar essas histórias para os nossos alunos.
Vejamos o que diz o professor Henrique Cunha Jr:
O professor, é antes de tudo um forte. A célebre frase do escritor Euclides da Cunha, referindo-se ao sertanejo, aplica-se com perfeição ao professor que atua nas séries iniciais. As dificuldades encontradas por estes profissionais no dia a dia, vão além dos míseros salários, da falta de estrutura nas escolas e se estendem a árdua tarefa de “recontar” a nossa História para os jovens, uma vez que esta se encontra em constante transformação e muitas vezes é registrada para atender interesses políticos, ideológicos e econômicos.
O propósito deste ensaio é compreender o processo de construção da historiografia africana, destacando os fatores político, econômico e ideológico, construídos pelo neocolonialismo exacerbado, pregado pelas potências europeias e americanas nas primeiras décadas do século XX.
Desenvolvimento
Acredito que a História da presença e influência dos negros no Brasil ainda está mal contada, e nós professores precisamos encontrar os subsídios teóricos para “conhecer”, reconhecer e recontar essas histórias para os nossos alunos.
Vejamos o que diz o professor Henrique Cunha Jr:
Quanto aos povos asiáticos e europeus as platéias imaginam, castelos, guerreiros e contextos históricos diversos. Quanto à História Africana só imaginam selva, selva, selva, deserto, deserto e tribos selvagens perdidas nas selvas. (…) O cotidiano brasileiro é povoado de símbolos de negros selvagens e escravos amarrados, que processam e administram o escravismo mental e realizam a tarefa de feitores invisíveis a chicotear a menor rebeldia o imaginar diferente. (CUNHA JÚNIOR, 1991)
O comentário do professor Henrique Cunha Jr (UFC), revela a visão distorcida que os brasileiros tem dos negros africanos, que foi e ainda é perpetuada nas escolas, reforçada inclusive por alguns livros didáticos. É por aí que começa o desafio do professor das séries iniciais em sala de aula.
Para complementar o raciocínio acerca da desconstrução da historiografia africana, devemos destacar a visão de Friedrich Hegel (Filosofia da História), na qual comparou o negro africano com um ser inferior, desprovido da capacidade de se organizar politicamente e incapaz de se se tornar civilizado.
Encontramos, [...] aqui o homem em seu estado bruto. Tal é o homem na África. Porquanto o homem aparece com homem, põe-se em oposição à natureza, encontra-se no primeiro estágio, dominado pela paixão, pelo orgulho e pela pobreza; é um homem estúpido. No estado de selvageria achamos o africano, enquanto podemos observá-lo e assim tem permanecido.. (HEGEL, 1928)
Baseando-se nesse fragmento, percebe-se que a historiografia eurocêntrica procurou negar a condição dos negros (ágrafos) de serem portadores de História, princípio perpetuado até a década de 1960.
Em se tratando das ações imperialistas implementadas pela França e Portugal por exemplo, durante o processo de colonização da África, nota-se que os povos africanos foram submetidos a um conjunto de políticas que beneficiavam unicamente à expansão do capitalismo. Percebe-se que uma elite negra e intelectualizada esteve a serviço do Estado europeu para construir uma visão distorcida da África.
Mesmo assim, no contexto do pré e pós II Guerra Mundial foi marcado pela ação alguns negros politizados, os quais foram incumbidos de criar uma política anticolonialista que ficou caracterizada como a “invenção da África”. Muitos estudiosos criticaram as ações dos libertários da África por não refletir os reais interesses da população africana, a exemplo do Movimento Negritude, idealizado por negros francófonos (destaque para Aimé Césaire). Outro movimento criado fora da África que buscou a união de todos os povos foi o pan-africanismo.
Ao contrário do que muitos pensam, os africanos também reagiram às políticas colonialistas ao ponto de provocarem ações de reconhecimento e afirmação do negro na África. Na tentativa de reduzir a influência eurocêntrica na África, historiadores nativos buscam na oralidade e na ancestralidade a saída para construir a história africana, chegando inclusive a negar a interferência do tempo do capital e se baseando no tempo mítico, no qual a vida é a base da existência humana.
Considerações Finais
Após analisar o texto A Construção da África: uma reflexão sobre origem e identidade no continente, e acompanhar o debate em sala de aula, entendo que o grande gargalo, o qual os professores tem que superar é o de rever a proposta curricular, com projetos que envolvam toda comunidade escolar para discutir as questões étnicos raciais, com ações voltadas para o reconhecimento da história dos africanos, que se funde à História do Brasil. Para isso, o Estado precisa rever as políticas públicas voltadas para a educação, dando destaque para a preparação dos profissionais que devem levar esse assunto para o chão da escola.
O objetivo é minimizar a influência eurocêntrica nos processos de formação acadêmica. Dessa forma, evitamos a espetacularização da Lei 10.639, estimulada por uma elite negra, que “pensa” os anseios das comunidades afro-descendentes no Brasil. Do contrário, estamos fadados a manutenção do racismo e da negação da história do negro, camuflado nos diversos setores que compõem a infra-estrutura social, inclusive na educação.
Bibliográficas Consultadas
ALVES, Roberta de Souza. Ensino de história e cultura afro-brasileira e africana: da lei ao cotidiano escolar/ Unesp-Bauru, 2007. 74p.
CUNHA JR, Henrique. África e Diáspora Africana - Mimeógrafado. Curso sobre cidadania e relações raciais. ABREVIDA - Prefeitura de São Paulo - 1991.
HEGEL, George W. F. Filosofia de la historia universal. Madri: Revista de Occidente, 1928, t. 1.
PINTO, Simone Martins Rodrigues. A Construção da África: uma reflexão sobre origem e identidade no continente. Revista Eletrônica Acolhendo a Alfabetização nos países de Língua Portugesa: São Paulo, 2008.
¹ Ensaio apresentado como requisito para obtenção de nota no Curso de Especialização em Ensino de História: novas abordagens da Faculdade São Luis de França sob a orientação do profº Fernando Aguiar.
² Agnaldo dos Santos Silva, é graduado em História (Faculdade de Formação de Professores de Penedo/AL), pós graduando em Ensino de História: novas abordagens (Faculdade São Luis de França – Aracaju/SE), professor concursado da rede pública municipal de ensino de Pirambu desde 1999, cordelista e ativista cultural.
Aracaju-SE - Outubro de 2011
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