A sessão ordinária da Câmara Municipal de Pirambu da última terça-feira, 31 de março, teve em sua pauta como assunto principal um debate sobre os caminhos para construção do 19º Encontro Cultural de Pirambu – Culturarte, “o único que em Sergipe ainda não se deixou contaminar pela cultura de massa”, segundo a jornalista e cantora Martha Mari.
Dois dos representantes da Comissão de Sistematização, o biólogo Fábio Lira das Candeias Oliveira (Projeto Tamar) e a professora Maria do Carmo de Carvalho Bispo (CE José Amaral Lemos) fizeram a apresentação do resultado levantado nos grupos durante o 13º Seminário ‘Cultura e Meio Ambiente’, dentro da programação do 18º Culturarte, realizado no período de 19 a 21 de dezembro de 2008 no Clubinho da Tartaruga.
O resultado dos trabalhos em grupos foi sistematizado pela comissão em reuniões realizadas nos meses de dezembro de 2008, janeiro, fevereiro e março de 2009. Além de Fábio e Carminha, integraram a Comissão os professores Acácia Dias (Escola Municipal Mário Trindade Cruz), Agnaldo Silva (Organização Vereda da Cultura) e Claudomir Tavares (Jornal Tribuna da Praia) e o músico Luiz Teles (secretário municipal de cultura).
Através de slides os dois representantes da Comissão de Sistematização apresentaram o documento que reproduzimos abaixo na íntegra, a partir de propostas do XIII Seminário ‘Cultura e Meio Ambiente’, abrindo-se o debate em seguida, verificando-se a intenção de vereadores e da sociedade interagir cada vez mais com o mais importante evento da cultura popular no interior de Sergipe.
Grupo A – Institucionalização: Quem e Como?
1. Quem?
· Comissão Organizadora – constituída por VOLUNTÁRIOS ARTICULADORES que irão estabelecer parcerias junto aos diversos seguimentos ligados à cultura representação de poder público (Prefeitura, Câmara, secretarias municipais), sociedade civil (através de suas representações), ONG’s (tais como Fundação Pro-Tamar, colônia, sindicatos, etc), instituições (escolas, igrejas, associações, bancos).
2. Como?
· O Culturarte deve ser um resultado de uma CONSTRUÇÃO COLETIVA a partir da COMISSÃO
· Formas de continuidade das atividades ao longo do ano: ‘DESCENTRALIZAÇÃO das atividades do Culturarte’;
Grupo B – Conteúdos e Produtos
· Cultura popular sempre em foco das atividades;
· Preservar as raízes;
· Incentivar criação e permanência de grupos folclóricos mirins (manutenção da tradição);
· Foco na qualidade e não na quantidade (público, atividades, tradições, etc.).
· Seminários e Oficinas (transcrito do item D);
· Cortejo e apresentações de grupos folclóricos;
Grupo C – Dificuldades... como superar
· Diante da ausência de uma equipe para promover um trabalho contínuo, ...
· ... equipe de elaboração; ...
· Grupos de trabalho;
· Grupo de mediação junto ao poder público – executivo e legislativo
· Buscar novos parceiros institucionais;
· Envolver as escolas e entidades durante todo o ano;
· Acontecer durante a ‘alta estação’ (contemplado no item D)
Grupo D – Área de abrangência e período: onde e quando?
1. Área de abrangência:
· Grupos do Estado priorizando os grupos folclóricos do Leste Sergipano;
2. Onde?
· Clubinho da Tartaruga;
· Largo do Culturarte (espaço compreendido entre A Palhoça e a Casa Lotérica)
3. Quando?
· Indicativo: 05 a 08/11/2009)
· E a partir dos anos seguintes, sempre no primeiro final de semana de novembro
Justificativas:
1. As escolas ainda estão em atividade letiva
2. Dia da abertura é ‘Dia Nacional da Cultura e da Ciência’
‘Recrutamento’ (sensibilização) de Articuladores:
Fazer contatos ainda que em caráter informal e sugerir a este coletivo a viabilidade de inclusão de nomes.
1.Poder público
2.Sociedade civil
3.ONG’s
4.Instituições
Intervenções
Vários vereadores fizeram intervenções, dando provas da disposição de se somar aos preparativos que levarão a realização não só do XIX Encontro Cultural de Pirambu, mas de consolidá-lo como um evento onde o poder público possa ampliar sua participação, e a Câmara Municipal deve ser uma parceira neste sentido. Todos os vereadores se comprometeram na somação destes esforços, ilustradas nas falas de Juarez de Deus e Ivan Biriba (PMDB), José Raimundo Almeida e José Luiz de Andrade (DEM), Sandro José e Herinaldo de Carvalho (PT), Antônio Ferreira (PSB) e Cláudio Pinto (PDT). Ausente a sessão o vereador Sérgio Lima (PSB).
Num auditório repleto de lideranças populares e culturais, a sociedade pirambuense se manifestou através do músico Lula Teles (secretário municipal de cultura), José Maria de Oliveira (grupo folclórico Lariô da Tartaruga), José Salviano Machado Neto (ex-presidente da Colônia de Pescadores), José Carlos Lima (estudante) e Claudomir Tavares (professor). Todos eles testemunharam a importância do Culturarte como evento que já está incorporado como os maiores exemplares do patrimônio cultural de nosso município.
Abertura
Nas falas, principalmente dos vereadores, verificou-se que os parlamentares desconheciam o caráter do Encontro Cultural de Pirambu, acreditando eles que se tratava de um evento fechado do Projeto Tamar e da Petrobrás. O que nos surpreende é que pelo menos três dos oito vereadores presentes já haviam assistido em 2005, quando dos momentos que antecediam a realização do XV Culturarte, uma exposição através de slide, feito pela bióloga Dayse Rocha, coordenadora do evento desde 1993, onde o voluntariado buscava já naquele momento a sensibilização do poder público municipal. As imagens ao lado falam mais que mil palavras, testemunhando.
Quando em 2007, Período de Intervenção, estes mesmos ‘voluntários’ procuraram o Poder Legislativo, ouviu do então vereador Antônio Santana (PMDB) que “era um absurdo destinar R$ 30 mil para um evento como o Culturarte” (sic, sem comentários). Logo, esta não é a primeira vez que o evento é debatido na Câmara e desconhecer que ele é um evento aberto a comunidade soa até como, se nos permite, ignorância, memória fraca ou má fé de alguns.
Descentralização
O processo de descentralização que entendemos ele foi provocado pela sociedade que via a necessidade de se ampliar o debate, principalmente no que diz respeito a sua construção, que deve ser um processo permanente, contínuo, assim, a Comissão de Sistematização, cumpre seu papel nesta primeira fase. Inegável destacar a contribuição da bióloga Dayse Rocha ao longo destes últimos 16 Culturarte’s (ela assumiu a coordenação a partir de 1993, só não participando dos dois primeiros. A contribuição de Dayse reveste-se em incluí-a como uma das conquistas do evento que cresceu, consolidou-se e que, ao atingir a maioridade, era necessário o estabelecimento de uma reflexão. É por aí que deve ser mentido o debate, que acreditamos está tendo um caráter bastante profícuo.
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